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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rodovia Vereador Albino Rodrigues Neves e Avenida Adília Barbosa Neves

          Quem vai de Arujá para Santa Isabel tem duas opções de viagem: pela Rodovia Presidente Dutra ou pela Rodovia Vereador Albino Rodrigues Neves, também chamada de Estrada de Santa Isabel. Dentro de Arujá também existe a Rua Albino Rodrigues Neves, que nasce na Rua Major Benjamin Franco, bem ao lado do Supermercado Takahashi, segue atravessando o Rio Baquirivu, ladeia o Supermercado X e acaba na rua do Corpo de Bombeiros.

            Já quem vai do centro da cidade para o Jordanópolis, Bairro Nova Arujá ou Centro Industrial, não sendo pela Via Dutra, obrigatoriamente vai pela Avenida Adília Barbosa Neves.

            Quem foram afinal Albino Rodrigues Neves e Adília Barbosa Neves?

            Albino Rodrigues Neves nasceu em Portugal, em Vila Nova de Monsarros, no concelho de Anadia no dia 30 de Agosto de 1904. Veio ainda criança para o Brasil acompanhando os pais que se instalaram em Teixeira, Minas Gerais. A maior cidade nas proximidades era Ponte Nova, para onde foi trabalhar. Não satisfeito, com 13 anos de idade resolveu ir para São Paulo a pé, seguindo a linha férrea. Ia parando, trabalhando e até adoeceu, sendo acolhido por uma família que cuidou dele por algum tempo.

            Chegando em São Paulo empregou-se como trabalhador braçal numa empresa que estava fazendo a abertura da Estrada São Paulo-Rio. O Engenheiro responsável simpatizou com o rapazinho e quando a estrada chegou em Itaquaquecetuba, Albino foi promovido a apontador para o ramal que ia de Itaquaquecetuba até Santa Isabel. Portanto na década de 20 do século passado ele era o responsável pela marcação da quantidade de carroças que carregavam as terras e pelo pagamento do pessoal desse trecho.

            Assim, por Arujá foi ficando, casando-se no dia 25 de Dezembro de 1928 com Dalila Ramos Barboza com quem teve 3 filhos: Gilberto, Gilda e Geisa. Estabeleceu-se como comerciante, montando um armazém no bairro da Penhinha.

            Em 1929 o cartório de Arujá era dirigido pelo Totó Escrivão (Antonio da Natividade Coutinho), pai do Bráulio Coutinho e do Valdomiro Luiz Coutinho. Albino fez um acerto comercial com o Totó Escrivão e assumiu o cartório, sendo obrigado a se naturalizar brasileiro. Naquela época, Arujá tinha na sua região urbana cerca de 70 casas, calculando-se uma população de cerca de 900 habitantes contando com a zona rural.

            Adília nasceu em 22 de Maio de 1916 e era irmã da Dalila, esposa do Albino. Ela era funcionária pública federal, responsável pelo correio em Arujá, que primeiramente funcionou na Rua Major Benjamin Franco.

            Dalila estava grávida de outro menino, porém no parto houveram complicações, vindo a falecer juntamente com a criança. Tinha ela 36 anos e o filho mais velho, Gilberto, 11 anos.

            Depois de alguns anos, em 24 de Maio de 1941, Albino casou-se com a cunhada, Adília Ramos Barbosa, que passou a se chamar Adília Barbosa Neves.

            Albino e Adília tiveram os filhos: Maria Isabel, Albino Barbosa Neves (o Nino do Cartório), Eliane, Márcio, Márcia, José Eduardo (Juca), Ângela, Murilo e João.

            E assim seguia a vida, com Adília como agente postal e o Albino no cartório. Adília guardava selos para os adolescentes que os colecionavam e estes iam sempre ao posto à procura dos lançamentos. As pessoas que não sabiam ler nem escrever também contavam com a sua bondade, pois transcrevia para estas pessoas as cartas de seus parentes.

Albino, homem muito correto e respeitado, era procurado por muita gente para aconselhamentos, porém o cartório não era muito rentável, pois o que poderia dar mais retorno financeiro que eram as escrituras de vendas de imóveis não era prática comum entre o povo da região. Os outros serviços que eram obrigatórios, como apontamentos de nascimentos, casamentos e óbitos não geravam muitos recursos.

            Com o tempo o cenário foi mudando pois muita gente vinda de grandes centros urbanos começava a comprar terras por aqui e acostumados com a segurança das leis, procuravam o cartório para fazer as escrituras.

            Arujá era Distrito de Mogi das Cruzes, portanto os impostos deveriam ser pagos na sede, em Mogi das Cruzes. Naquela época ir a Mogi das Cruzes era uma viagem de quase um dia, tendo que seguir pela Estrada dos Índios em direção ao Pinheirinho em Itaquaquecetuba, indo até Suzano e depois seguindo até Mogi. Outro caminho era ir até o Centro de Itaquaquecetuba e seguir até Poá ou Suzano. E tudo em estradas sem pavimentação, bem precárias. O povo humilde da roça reclamava muito dessa dificuldade e o Albino resolveu se empenhar na luta para transferir Arujá de Distrito de Mogi das Cruzes para Distrito de Santa Isabel, o que finalmente conseguiu em 1939, facilitando a vida do povo.

            O filho Gilberto Barbosa Neves aos 16 anos já ajudava o pai no cartório porém como queria assumir um para si prestou concurso e acabou assumindo um cartório recém criado em Ilhabela. Em 1953 vagou o cartório de Santa Isabel, onde ficou até sua aposentadoria em 1997.

            Albino Rodrigues Neves foi vereador na segunda gestão (1964 a 1968) e na terceira (1969 a 1972) tendo também sido candidato a prefeito nas eleições de 1972 quando saiu vencedor François Marie Redet.

            Albino aposentou-se do cartório em 1975, assumindo como serventuário seu filho, Albino Barbosa Neves, o Nino. O Sr. Albino Rodrigues Neves, depois de todos estes anos de dedicação veio a falecer em 13 de Janeiro de 1986. Adília aposentou-se do serviço de agente postal também em 1975, vindo a falecer em 07 de Outubro de 1988.

            A denominação da Rua Albino Rodrigues Neves foi feita através do Decreto nº 1411/1987 e a Avenida Adília Barbosa Neves pelo Decreto 1983/1993.

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