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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Reciclagem

Vista interna das instalações da CORA
   Os aterros sanitários trazem conseqüências maléficas inevitáveis ao meio ambiente como a emissão de gases tóxicos, que podem explodir (a exemplo do aterro Pajoan, em Itaquaquecetuba) e a produção do chorume que acaba nos lençóis freáticos e rios. A população acredita que o lixo não é mais seu problema a partir do momento que o coloca na porta da sua casa, mas este é apenas uma parte de um longo e complexo processo, onde o descarte deste lixo nos aterros é mais simples e altamente rentável. A incineração, a coleta seletiva, a reciclagem e a educação ambiental seriam alguns dos itens que compõem a melhor solução para o lixo. Já existem outras alternativas para se tratar o lixo. A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) já tem um projeto experimental onde a usina transforma o lixo em energia elétrica.
            
   O lixo é um material em degradação, deveria ser de fácil recomposição à natureza. Mas latinhas e plásticos demoram mais para entrar nesse processo, pois são estranhos a ela, não se incorporam mais. O pior é a contaminação do solo por metais pesados. Estamos numa área produtora de água. No meio do lixo há resíduos de agricultura, bem como pilhas e baterias, o que causa contaminação da água e do solo.
            
   A solução são os três “R”: reduzir, reciclar e reutilizar. Se a população separa o lixo, reduz-se a quantidade de compostos no aterro. A educação ambiental seria um dos fatores que ajudaria nesta causa. A coleta seletiva é uma alternativa eficiente e que deve ser apoiada.
   
   A possibilidade de implantação de um aterro sanitário em Mogi das Cruzes, a ampliação de outro em Itaquaquecetuba e a reabertura do de Biritiba Mirim afligem os ambientalistas. Porque enterrar lixo, sendo que qualquer decomposto vai chegar ao lençol freático? Nós já não temos água suficiente para a região. Precisamos de políticas públicas na área que se preocupem com a educação ambiental, a conservação do meio ambiente e a inclusão sócio-econômica dos catadores de materiais recicláveis, além de pensar antes de comprar.
  
   A coleta seletiva é a separação dos materiais recicláveis do restante do lixo. É muito difícil desenvolver um trabalho sério de coleta seletiva, principalmente a partir da escola, que raramente adota o sistema, por “falta de espaço”, ou até mesmo por falta de interesse. Para que um trabalho obtenha sucesso, a entidade (escola) deve primeiro dar o exemplo à comunidade, ensinando na prática como se faz a coleta e apresentado suas vantagens. Quanto à separação, torna-se muito mais fácil iniciá-la pela raiz, ou seja, já na entrada de casa. Os recicláveis são:
   
         - vidro: potes em geral e garrafas;
            - papel: jornal, revistas e folhas diversas;
            - alumínio: latas;
            - plástico: embalagens de óleo, sacolas e potes danificados;
            - matéria orgânica: guardanapos, restos de comida, folhas de árvores e pontas de cigarro.
      
   Não recicláveis: bandejas de isopor, resíduos de limpeza (pó, esponja, palha de aço), etiquetas, fitas adesivas, papel carbono, papel de fax, fotografias, papéis sanitários e papéis metalizados.
            
   Na cozinha, temos o costume de colocar sobre a pia um cesto para lixo, onde poderíamos colocar mais um ou dois, para que seja iniciado o processo de separação. Quanto ao óleo de cozinha, evite jogá-lo na descarga do banheiro ou na pia, pois, ao se misturar à água será muito difícil o tratamento, além do que, com o tempo o seu encanamento apresentará problemas. O ideal é coletar o óleo em uma garrafa “pet” e descartá-la junto com o resto do lixo, ou encaminhar a algum posto de coleta.

   Somente com eletroeletrônicos o Brasil gera 2 milhões de toneladas/ano de lixo. No mundo são 40 milhões de toneladas/ano. Fabricantes, lojistas, consumidores e governos são responsáveis pelo ciclo: produção-circulação-mercado-consumo-lixo. A nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) exigirá das empresas a responsabilidade pela retirada dos produtos do mercado pós vida útil. Seis cadeias de produtos de retorno industrial terão prioridade para se adequar à nova lei: embalagens de agrotóxicos, pneus, pilhas e baterias, óleos e lubrificantes, eletroeletrônicos e lâmpadas fluorescentes. A PNRS instituiu oficialmente no país a logística reversa. Desde o fabricante ao consumidor todos são responsáveis pelo remanejamento adequado e o destino final dos resíduos. Só para citar o exemplo dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos – que têm ciclo de vida útil cada vez mais curto – é importante o descarte seguro sem poluir o meio ambiente.

  A reciclagem de materiais auxilia a defesa do ambiente e representa uma boa fonte de renda. Podemos reciclar praticamente tudo que nos cerca. Principais materiais de interesse das indústrias da reciclagem:
- PLÁSTICOS: - Polietileno Tereftalato (PET), usado em garrafas de refrigerante; Polietileno de Alta Densidade (PEAD), usados em baldes, tambores, auto peças; Cloreto de Polivinila (PVC), usado principalmente em tubos de conexões de água e esgotos; Polipropileno (PP), usado em embalagens de massas e biscoitos, seringas descartáveis, utilidades domésticas entre outros; Poliestireno (PS), utilizado em eletrodomésticos e copos descartáveis.

  Cerca de 15% dos plásticos produzidos no Brasil são reciclados, o que equivale a cerca de 200 mil toneladas por ano. Deste total o maior contribuinte é o PET com aproximadamente 22 mil toneladas/ano.

- VIDROS: o vidro é um material muito usado no setor de embalagens para alimentos e bebidas. O Brasil recicla cerca de 27 % das embalagens de vidros, das quais 5% provém de engarrafadoras de bebidas, 10% de sucateiros, menos de 1% da coleta seletiva e o restante de refugos das próprias indústrias, o que representa em torno de 220 mil toneladas/ano. O vidro reciclado substitui em 100% o material virgem.

- ALUMÍNIO: é um dos materiais reciclados mais valiosos. O Brasil recicla em torno de 61 % de suas latinhas, superando países como o Japão, Inglaterra e Alemanha. Os sucateiros recolhem cerca de 50 % do material reciclado. O alumínio pode ser reciclado infinitas vezes sem perda de qualidade. Em grandes centros, a mesma lata pode voltar à prateleira em apenas 42 dias.

- PAPÉIS: é um grande vilão da reciclagem. Apresenta um dado curioso que é o fato de que em muitos casos o papel reciclado custa mais caro do que o obtido da celulose virgem, principalmente no Brasil, onde a produção de celulose é grande e o incentivo para a reciclagem é baixo. O Brasil recicla cerca de 1,7 milhão de  toneladas por ano (cerca de 37%).
            
   As aparas, nome genérico dado ao papel destinado à reciclagem, sendo brancas, isentas de tintas de impressão e os papéis de computados são os que possuem maior valor comercial. Os papéis vegetais, parafinados, carbono, plastificados e metalizados não são reciclados.
   
   Outro papel de fácil reciclagem e circulação rápida são os ondulados, mais conhecidos como papelão, destinados principalmente às embalagens. Cerca de 60 % do papelão consumido no Brasil é reciclado.

Cooperados da CORA              
- EMBALAGENS LONGA VIDA: são conhecidas como embalagens cartonadas – aquelas encontradas principalmente em leite e alguns derivados. São constituídas por papel duplex (75%), polietileno de baixa densidade (20%) e alumínio (5%). Somente o papel das embalagens é biodegradável.

   Um importante meio para o reaproveitamento do lixo ainda é a coleta seletiva, isto é, empresas especializadas que instruam a população, distribuam recipientes apropriados para que cada indivíduo, na sua residência, separa o lixo nas principais categorias: vidro, papel, plástico, metais e lixo orgânico. Em algumas cidades a própria Prefeitura se encarrega desse trabalho, obtendo o retorno financeiro do material que é reaproveitado. Em alguns lixões é empregado o sistema de esteiras transportadoras, nas quais os catadores tiram o aproveitável manualmente, o que representa um melhor aproveitamento em relação aos lixões que apenas amontoam o lixo e depois os espalham com tratores pesados.
Material a ser reciclado
   Em Arujá a CORA tem feito um trabalho exemplar na área de reciclagem. Localizada na Rua Ana Maria Coronato, 80, no Centro Residencial, o espaço já não é suficiente para dar vazão à quantidade de material que chega. Dentro de pouco tempo estarão se mudando para um novo galpão com 600 m2 de construção, bem maior e com melhores acomodações, na Av. Londres.
            
   Carlos Henrique Nicolau, um dos fundadores e atual presidente, disse que ao se ver desempregado começou a catar produtos recicláveis como ferros, latas, papéis, vidros e a vender nos ferros velhos da cidade. Em fevereiro de 2004 os catadores da cidade se mobilizaram e uma forma de obter preços melhores seria a fundação de uma cooperativa o que aconteceu em 04 de Outubro. Os alunos de Administração da FAR (Faculdade de Arujá) assessoraram na estruturação empresarial e o empresário José Guerra emprestou um galpão na Rua Espanha onde 48 catadores ficaram por dois anos.
           
   “Em 2007, na gestão do prefeito Genésio, foi construído o galpão no Centro Residencial com autorização para uso durante 10 anos e inicialmente um caminhão da Secretaria de Obras fazia as coletas pela cidade. Foi firmado um convênio com a Prefeitura até Julho de 2013, onde ela arca com as despesas de telefone, água e luz. Em contrapartida temos um convênio com a Secretaria Municipal de Educação em que fazemos um trabalho de educação ambiental junto às escolas”, explica Carlos Nicolau.
Novo galpão da CORA a ser inaugurado     
   Os atuais 32 cooperados têm treinamento e no final do mês a receita, tiradas as despesas, é rateada entre todos conforme os dias de trabalho de cada um. Hoje cada cooperado recebe entre R$ 450,00 e R$ 500,00 por mês. A MEIWA, empresa situada em Arujá, doa todo mês uma cesta básica para cada família de catador e quatro para a alimentação dos trabalhadores. O Conselho Consultivo da CORA, presidido por Ivam Michaltchuk (MEIWA) e com a empresária Ionara Fernandes na vice presidência, auxilia na gestão política e interna.
            
   A Secretaria do Meio Ambiente juntamente com a Secretaria de Educação instituíram nas escolas o selo Escola Ecológica, onde dentre muitas ações ambientais, são pontuadas as escolas que coletarem o maior número de material reciclável. Todo esse material será entregue à CORA, embora a maior dificuldade, segundo Carlos Nicolau, sempre esbarra no planejamento desse recolhimento.
Elito Carlos de Jesus\assessor S.M.A., Leonardo de
 Godoy\secretario S.M.A. e Carlos Nicolau\presidente da CORA 
         
   O caminhão gaiola da empresa CS Brasil recolhe 24 t de recicláveis por mês e o caminhão compactador da prefeitura outras 20 t, o que resulta em 44 toneladas de recicláveis e com doações a CORA chega a reciclar 55 toneladas de material. Ainda é pouco levando-se em conta que Arujá produz 2.700 t/mês e que deste total 945 toneladas (35%) são recicláveis. Em 2009 o total reciclado foi de 294 t, e em 2010 a CORA reciclou 438 t de material, sendo 228 t de papel, 96 t de plástico, 79 t de metal e 35 t de vidro.
            
   Os papéis são vendidos à Cia. Suzano de Papel, à Dutrapel, à ZENA Ambiental (Itaquá), os plásticos para a RECISA (em Santa Isabel), os vidros para a SAN GOBAIN (de São Paulo), o óleo de cozinha (recolhido em restaurantes e bares) para a BIOAUTO (Santo André), os metais para a Sucata Araújo (Poá) e IMBRA METAIS (Itaquá) e as pilhas e baterias em parceria com o Banco Santander (ponto de descarte) são retiradas pela SUZANKIN. Até o isopor, em parceria com a MEIWA, está sendo utilizado por uma indústria para fazer molduras e material escolar. O preço final fica bem melhor com todo esse procedimento da CORA: coleta, triagem, prensagem e venda. No novo galpão espera-se a adesão de mais 18 cooperados, aumentando assim a produção.
            
   “Hoje no Brasil somos 880.000 catadores organizados em cooperativas. Precisamos ser auto sustentáveis oferecendo assistência médica e odontológica aos nossos cooperados”, finaliza Carlos Nicolau.


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