Páginas

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Glaucoma

         O glaucoma é uma doença que atinge o nervo óptico e envolve a perda de células da retina responsáveis por enviar os impulsos nervosos ao cérebro. A pressão intraocular elevada é um fator de risco significativo para o desenvolvimento do glaucoma, não existindo contudo uma relação direta entre um determinado valor da pressão intraocular e o aparecimento da doença, ou seja, enquanto uma pessoa pode desenvolver dano no nervo com pressões relativamente baixas outra pode ter pressão intraocular elevada durante anos sem apresentar lesões. Se não for tratado, o glaucoma leva ao dano permanente do disco óptico da retina, causando uma atrofia progressiva do campo visual, que pode progredir para cegueira.

         São fatores de risco para o glaucoma o histórico familiar, raça negra, diabetes, miopia e idade avançada.

              O principal sintoma é a perda da visão periférica no início da doença. No começo a perda é sutil, e pode não ser percebida pelo paciente. Perdas moderadas a severas podem ser notadas pelo paciente através de exames atentos da sua visão periférica. Freqüentemente o paciente não nota a perda de visão até vivenciar a “visão tubular”, ou seja, apenas a visão central é percebida, o paciente começa a tropeçar, esbarrar em objetos, porque a percepção periférica é ausente. Se a doença não for tratada, o campo visual se estreita cada vez mais, obscurecendo a visão central e finalmente progredindo para a cegueira do olho afetado. A perda visual causada pelo glaucoma é irreversível, mas pode ser prevenida, atrasada ou estabilizada por tratamento.

              O principal tipo de Glaucoma é o de Ângulo Aberto, causado principalmente pelo processo natural de envelhecimento do olho. Não causa dor. Na realidade, quando o paciente se queixa de alguma alteração visual, a doença já se encontra muito avançada com alterações irreversíveis no campo visual e pode ser detectado apenas por um exame oftalmológico. É importantíssimo para o sucesso do tratamento que o diagnóstico ocorra ainda no início do problema.

          Mais raro é o Glaucoma Congênito que se manifesta na infância e possui como seus principais sintomas a aguçada sensibilidade à luz e o lacrimejamento excessivo.

               No Glaucoma de Ângulo Fechado, os sintomas são muito severos e caso a crise não seja revertida no tempo necessário pode resultar em perda completa da visão em poucos dias. Seus sintomas são surtos de visão borrada, dor ocular forte, halos coloridos ao redor das luzes e náuseas e vômitos.

O glaucoma tem correção?

            Infelizmente o glaucoma não tem cura e apesar da pressão intraocular elevada não ser a única causa do glaucoma, até o momento diminuí-la é o principal tratamento. A pressão intraocular pode ser diminuída com medicamentos, em geral, colírios. Caso essa pressão não diminua com o uso de medicamentos, um procedimento cirúrgico poderá ser indicado. Com a redução da pressão intraocular, obtém-se o controle da doença, não a cura.

            O diagnóstico precoce é de inestimável importância para o sucesso do tratamento do glaucoma, daí a necessidade de que todas as pessoas se submetam a exames oftalmológicos periódicos.

ENTREVISTA

            José Roberto da Silva Matheus, 56 anos, já vive em Arujá a 36 anos, vindo de São Paulo. Sempre trabalhou com sucata em alta escala. Participava ativamente da vida política da cidade tendo inclusive sido candidato a vereador por três vezes. Matheus perdeu a visão por conta do glaucoma mas continua na sua atividade de sucateiro agora aprendendo a viver sem enxergar.

P.V. – Quando o senhor sentiu que alguma coisa estava errada com sua visão?
Matheus – Em 1998 eu estava no Rio de Janeiro a trabalho quando comecei a reparar que enxergava os objetos com uma faixa fosca no meio. Pareciam divididos ao meio. Eu olhava para uma torre e via a parte de baixo e a de cima. O meio não conseguia ver.

P.V. – Qual foi a primeira providência que tomou?
Matheus – Fiquei assustado, pois apesar de não sentir dor, pressenti que havia algo errado com meus olhos. Lá mesmo fui ao oftalmologista, porém não foi diagnosticado nenhuma doença mais grave. Chegando em Arujá e o problema persistindo, procurei outros oftalmologistas até que finalmente foi detectado o glaucoma já em estado bem avançado.

 P.V. – Mesmo com os tratamentos não foi possível manter a visão?
Matheus – Olha, não sei se eu fui muito azarado, mas cai na mão de alguns médicos displicentes. Primeiro prescreveram colírios errados que ao invés de baixarem a pressão intraocular, acabaram por agravar a situação. Finalmente em 2003 paguei a consulta mais cara de todas com um especialista e fui operado, sem sucesso, pois a pressão foi baixada excessivamente. Além de complicações diversas ainda peguei uma infecção.

P.V. – Como foi a perda da visão?
Matheus – Eu estava no Paraná e senti como se estourasse algo nos meus olhos. Não vi mais nada. Imagine eu ter que voltar de ônibus sem enxergar. Pois foi isso que aconteceu. Desde 2003 eu não enxergo.

P.V. – Quais são os seus planos para o futuro?
Matheus – Continuo a trabalhar com a ajuda dos meus filhos e estou aprendendo a conviver com a falta de visão. Hoje sou mais sensível ao tocar os objetos, consigo reconhecer as texturas. No meu depósito não vejo problemas pois conheço cada palmo da área. Ouvi dizer que já estão fazendo pesquisas com células-tronco porém ainda não foram autorizadas para esta finalidade. Aconselho a todas as pessoas com mais de 40 anos a medirem a pressão intraocular de 6 em seis meses para não descobrirem o glaucoma tardiamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário