Páginas

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Élcio Cordeiro dos Santos


         Nasci em 06 de Março de 1928 no Bairro do Bom Retiro, na cidade de São Paulo. Meu avô, de origem portuguesa, tinha um armazém onde vendia vinho português. Meu pai era motorista de praça, o que hoje chamamos de taxista.

           Com dois anos de idade mudamos para a Rua Prates, no mesmo bairro, onde vivemos até o meu casamento com Dona Maria no ano de 1951.

          Como quem casa quer casa, fomos morar na Avenida Cruzeiro do Sul, no bairro de Santana, na Zona Norte da cidade de São Paulo, numa casa em frente à Estação Santana do trenzinho da Cantareira. Já trabalhava na Prefeitura de São Paulo desde 1950 e fazia o curso de Direito na Faculdade Paulista de Direito, nas Perdizes, onde me formei em 1952. Também conclui o curso de Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas e Contábeis de São Paulo.

        Tive um escritório no Largo São Francisco, além de manter as minhas funções na Prefeitura de São Paulo até o ano de 1960 quando fui nomeado Procurador do Departamento Jurídico. Trabalhei lá até o ano de 1982 quando me aposentei como procurador chefe.

          Mas vamos ao que realmente interessa: como conheci Arujá.

       Embora morando em Santana, visitava meus pais todas as semanas. Numa destas visitas, em Janeiro de 1953, meu pai pediu que levasse um casal amigo até o bairro do Pinheirinho, em Itaquaquecetuba, onde moravam. Prontamente acomodei o casal em meu carro e segui pela Via Dutra, que tinha somente uma pista ainda em construção, tendo alguns trechos sem asfalto e outros até com desvios.

        Depois de uma longa viagem deixei o casal na residência e quando estava voltando me deparei com um casal de velhinhos caminhando na mesma direção: o homem carregava uma galinha e a mulher uma grande sacola. Resolvi fazer a boa ação do dia e ofereci carona ao casal. Estavam indo para a Estação de Trem de Itaquá para irem para São Paulo, pois moravam em Santana, na Av. Voluntários da Pátria, por coincidência, próxima à minha residência.

          Conversa vai, conversa vem, o homem disse que estava desgostoso pois possuía uma terra na divisa de Itaquá com Arujá, e como vinha raramente, tinha sua criação de galinhas sempre roubada. Desta vez sobrou só uma e resolveu se desfazer das suas terras. Deixei o casal em casa mas aquela conversa ficou martelando na minha cabeça.

           No mês seguinte vim com o casal conhecer as terras e fizemos negócio, em muitas prestações. No dia 06 de Março de 1953, dia do meu aniversário, vim com meus pais, minha esposa, Dona Maria e o meu filho Élcio Junior visitar a nova aquisição.

           Passamos a vir todos os finais de semana e férias. Como gostava de fazer amigos, logo conheci o Sr. Campoi que tinha um empório e fazia pizzas nos finais de semana. O estabelecimento do Campoi ficava na Avenida dos Expedicionários onde hoje é o início da rua José Basílio Alvarenga (a rua da Prefeitura). Na época esta rua não existia. Logo depois o Sr. Campoi vendeu o armazém para o Benjamin Manoel, o Beijo, que também se tornou um grande amigo.

           Em 1956 ajudei a organizar o primeiro baile de carnaval do Condomínio Arujazinho I na casa do pai do Giovani Negretti que ficava em frente à piscina.

        Morava na Vila Mariana, em São Paulo, e em 1958 resolvi fazer uma reforma na casa. Toda a família veio para a “casa de campo” e ao final da reforma não queriam voltar para São Paulo.

       Nessa altura já me haviam colocado como consultor jurídico do Condomínio Arujazinho I, cujo síndico era o Sr. Antonio dos Santos Coelho e do Condomínio Arujazinho III, do síndico José Antonio Estevam. Além disso já tinha alguns amigos na cidade como o Sr. Raimundo Damasceno, que era alfaiate, o Benjamin Manoel, o Dito Manoel, o Dito Fotógrafo, o Sr. Brás Ferreira e sua esposa Dona Dita.

            Finalmente em Janeiro de 1960 nos mudamos com toda a família, o Élcio Junior, o Pedro, nascido em 1956 e o Sílvio, nascido em 1958. Nesse mesmo ano houve a unificação dos Condomínios Arujazinho I, II e III e eu fui eleito como o primeiro síndico dessa nova fase.

              Em 1960 nasce a minha filha, Cecília, já vivendo em Arujá.

             O município de Itaquaquecetuba havia sido emancipado recentemente e o primeiro prefeito eleito foi o Sr. Eugênio Victório Deliberato (pai do Eugênio Deliberato, do Laboratório Deliberato). Com o Departamento Jurídico em formação o prefeito solicitou em 1957 ao seu colega de São Paulo que cedesse um advogado para esta organização. Desta forma fui “emprestado” por seis meses.

             A Prefeitura de Arujá foi instalada em 1960 e o Presidente da Câmara Municipal, Beijo, substituia o prefeito Júlio Barbosa. Sabedor da minha experiência em Itaquaquecetuba fui convidado para ser advogado da Prefeitura. Como trabalhava na Prefeitura de São Paulo, tive que dividir meu tempo, ficando no período da manhã atendendo ao público, das 8:00 às 12:00 hs. O Beijo, de pé desde as 6:00, ficava na Prefeitura até as 8:00 e depois ia para a rua fiscalizar as obras vindo às 18:00 hs para fechar a Prefeitura. No período da tarde um engenheiro que vinha de São Paulo ficava das 12:00 às 16:00 horas orientando as obras.

              Meu trabalho no início era compor e fazer cumprir a legislação básica para um município: leis de trânsito, das vias públicas, das construções, do quadro de funcionários.

              Logo instalei um escritório na cidade, num imóvel do Dito Baltazar, o Dito Fotógrafo, no terreno onde hoje está instalada a Caixa Econômica Federal. Neste local fiquei durante muitos anos, mudando o escritório somente nos anos 90 para a Avenida Amazonas.

             No início dos anos 70 negociei a instalação do Paço Municipal na área onde hoje é o Fórum de Arujá. Até esta data a Prefeitura de Arujá funcionava num espaço reduzido na esquina da Rua Major Benjamin Franco com a Avenida dos Expedicionários.

             Em 1979 também negociei a doação de uma área de 25.000 m2 para a instalação da nova sede da Prefeitura que hoje está encravada no Condomínio Arujá 5. Toda aquela área era uma fazenda modelo para a produção de leite tipo A, com mais de 50 vacas leiteiras. A incorporadora era a UP (Urbanizadora Paulista) e a área doada correspondia aos 10 % que a lei determina para utilização institucional. Eu solicitei que na negociação fosse doada a área que continha a casa sede, o salão de festa, a piscina, a garagem, as residências dos caseiros e os currais. A Prefeitura foi instalada sem necessidades de gastos com construções. O loteamento foi aprovado, porém ficou parado durante muito tempo, tendo sido retomado pela Fernandez Mera.

             Durante mais de 20 anos fui o locutor oficial dos saudosos desfiles de Bandas e Fanfarras que aconteciam em Setembro na rua Monteiro Lobato e depois na Avenida Amazonas, quando esta foi inaugurada. Nos festejos do aniversário da cidade em 8 de Junho, também era convidado para a locução.

            Trabalhei com todos os prefeitos desde a instalação do município em 1960 até a minha aposentadoria compulsória em 1998, quando completei 70 anos de idade. Profundo conhecedor das leis que regem os municípios sempre fui muito apoiado pelos prefeitos no meu ofício. Sempre tive muita confiança por parte de todos, defendi muitos processos de prestações de contas junto ao Tribunal de Contas do Estado, sempre baseado em documentos que ao final demonstravam a retidão destas contas.

            De todos os Prefeitos com quem trabalhei considero o Beijo e o João Baiano os mais humanos que Arujá já teve. Foram muito carinhosos com a população. O Beijo sempre dizia: “Fala com o Élcio, é ele quem resolve.”

         Já o Benedito Manoel dos Santos, o Dito Manoel, era bem tradicionalista e o François foi o Prefeito que mais se preocupou com a natureza.

            Um momento de comoção na minha carreira pública foi o assassinato do Prefeito Geraldo Barbosa de Almeida. Até hoje me pergunto o porquê daquele crime. Nada explica ou justifica aquela morte.

     Abel Larini é um lutador pelo município, tendo feito estreitos relacionamentos políticos, assim trazendo muitos benefícios para Arujá. Eu o considero extremamente político na sua atuação como Prefeito.

            Durante a minha atuação junto ao Departamento Jurídico da Prefeitura de Arujá sempre mantive com rigor a legislação do Plano Diretor negando aprovações a construções com área superior à área do respectivo terrreno. Durou até 1998, quando me aposentei. Atualmente a legislação foi mudada e já encontramos algumas “torres” construídas, modificando a ocupação do terreno. São aprovadas sem o mínimo planejamento viário ou de saneamento (água e esgotos). Temos que ser realistas, a cidade de Arujá não oferece infraestrutura nem estacionamentos para as atuais construções aprovadas. É um caos o estacionamento dos veículos no centro da cidade. Será que houve planejamento ?

          Além dos nossos quatro filhos biológicos, eu e minha esposa, Dona Maria, adotamos mais 5 filhos: o João (Bu), o Alexandre, a Nanci, o Flávio e o Otelo, que infelizmente foi morto num assalto ao Banco Bradesco há muitos anos. Temos até um neto adotado, o Sérgio Aparecido. Desta família toda temos 22 netos e 5 bisnetos e ainda temos mais um neto a caminho, fruto de nossa filha Nanci.

              Criei meus filhos num ambiente típico rural. Na área onde vivo formei uma hípica com variantes clássica e rural e outros ambientes para crianças como uma pista de autorama, paint-ball, pista de skate, pistas de motocross e supercross e em instalação uma pista de kart. E ainda tem muita área para outros projetos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário