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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Domenico Cunto


   As pessoas logo ligam os italianos a pizza e macarrão. Hoje sou dono de uma pizzaria, mas durante 31 anos trabalhei numa casa de ferragens na Rua Florêncio de Abreu, em São Paulo, a Casa Nicola Gallucci onde me aposentei em 1989.

   Nasci no dia 11 de Novembro de 1937 numa linda cidade à beira do Mar Mediterrâneo chamada San Marco di Castellabate. Fica próxima a Napoli e mais ainda de Salerno. Tem paisagens maravilhosas, bem diferentes das do Brasil, como é obvio. Eu era criança quando teve início a II Grande Guerra e a Itália foi palco de muitas batalhas. Foi muito difícil para o povo italiano a reconstrução do país e eu com 16 anos resolvi arriscar e vim para o Brasil em 1954, onde já vivia o meu irmão mais velho e meus tios na Mooca, em São Paulo.

   Sem falar português, me empreguei como comissário de bordo em uma companhia aérea, a Real Aerovias, no Aeroporto de Congonhas, e logo depois passei pelas Indústrias Matarazzo, mas tudo isso por uns 3 ou 4 anos até que entrei na loja de ferragens do Nicola Gallucci.

   Quando ia para o trabalho me chamava a atenção uma garotinha, vizinha e muito linda, e eu sonhava um dia namorar com ela, só que ela era 9 anos mais nova. Se não tivesse me encantado por Ana Maria de Bartolo, talvez tivesse desistido de tudo e voltado à Itália, onde ainda estavam meus pais e quatro irmãos. Ana Maria tornou-se professora de matemática e nós nos casamos em 15 de Julho de 1967 e fomos morar na Rua Fernando Falcão, na Moóca. Nosso primeiro filho, Toni, nasceu em 25 de Maio de 1969 e resolvemos viajar à Itália nesse mesmo ano para que a minha família conhecesse a Ana Maria e o Toni. Em 17 de Janeiro de 1972 nasceu nossa filha Cristiane.

   Eu sempre visitava um primo em Arujá, o Carlo Di Cunto, pai da arquiteta Eliane e seu cunhado, Luiz Rosino. Eu adorava a cidade e comecei a sonhar com esta cidade para viver quando me aposentasse e acabei comprando em 1975 um terreno na Vila Pedroso. Em 1976 construímos uma casa e sempre vínhamos aos finais de semana quando reuníamos amigos para apreciar as deliciosas pizzas feitas por Ana Maria.

   Em 1988 o Toni começou a estudar Engenharia Mecânica na UMC e começamos a freqüentar mais a cidade, inclusive instalando uma barraca italiana na Festa das Nações para ajudar o Fundo Social da cidade. Na época o Geraldo Barbosa, que viria a ser prefeito, passava pela barraca e perguntava onde era a nossa pizzaria. Eu dizia que não tínhamos nenhuma pizzaria e ele dizia que tínhamos que instalar uma. Ele mandou fazer uma faixa com os dizeres: “BREVE INAUGURAÇÃO DA PIZZARIA SAN MARCO” e mandou colocar na barraca. Alguns amigos também incentivavam, como o Simão e Egle Bittar, e assim começamos a construir a pizzaria em 1988 com inauguração em 26 de Fevereiro de 1990.

   Acabamos nos mudando para a cidade em 1991. Eu e Ana estávamos aposentados, o Toni estudava em Mogi e a Cris, medicina em Taubaté.

   Fico muito satisfeito por viver em Arujá e por intermédio da pizzaria, que se tornou nosso meio de vida, conquistei muitos amigos.

   Um fato emocionante na minha vida foi quando em 2006 viajei à Itália onde todos os seis irmãos se reencontraram em nossa cidade, San Marco di Castellabate. Eu não via o meu irmão mais velho, que vive nos Estados Unidos, há 45 anos, e os demais desde 1988. Até o prefeito da cidade veio nos cumprimentar. Família é tudo em nossa vida. Adoro esta cidade e fiz dela o meu lar. Obrigado Arujá.

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