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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Benedito Valentino Araujo (Dito Fotografo)

Fachada da primeira loja do Dito Fotógrafo
   Eu sou Benedito Valentino Araújo, mas por esse nome pouca gente me conhece. Mas se eu disser Dito Fotógrafo, ou Dito Baltazar, aí a coisa muda de figura. Sou nascido nesta terra, na Penhinha, em 01 de Fevereiro de 1935. Meu pai, Francisco Baltazar, era carvoeiro, assim como muitos outros naquela época. As estradas eram de pedregulho ou lama quando chovia, não havia asfalto e poucos tinham caminhões para o transporte de carvão. Lembro do Dito Félix, do Alexandre Ribeiro, do Hussein Riman, do Júlio de Brito e do Dito Raimundo. Meu pai mudou do sítio para a cidade em 1940 para ser ajudante de caminhão do Hussein Riman. Minha mãe, costurava sacos de carvão. Fomos morar na Rua Major Benjamin Franco: meus pais, eu, meus irmãos Adamastor e Nelson e depois vieram a Ruth e o Chiquinho.

   Lembro que em 1945, no final da Segunda Guerra, os estudantes das escolas fizeram uma festa para receber os Expedicionários que serviram no Exército Brasileiro. Eram três aqui da região: o Carmelino, que morava na Penhinha, o Ernesto que morava no Tevó e outro de Santa Isabel, que não lembro o nome. Daquela época lembro também que onde hoje é o Posto de Saúde da Avenida dos Expedicionários, ao lado do Renê, era o terreno do Dito Raimundo, pai do Ditinho que trabalha na Prefeitura. Era uma espécie de pensão. Tinha uns quartos para os tropeiros que vinham de Nazaré Paulista e Santa Isabel em direção a Guarulhos para vender o gado. Naquela época, Arujá se resumia a três ruas: Estrada de Santa Isabel, Rua Major Benjamin Franco e Rua Rodrigues Alves, da Igreja Matriz. Naquela época o povo ficava sempre ansioso pelas festas religiosas: Festa do Divino, do Bom Jesus, em Agosto, do Menino Jesus, no Natal, e da Penhinha.
           
   Em 1946 teve início a construção do trecho da Via Dutra em Arujá e o meu pai foi trabalhar como motorista no DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Eu era um garoto de 14 anos e também fui trabalhar, só que no DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), como uma espécie de contínuo do Didi (Benedito Ferreira Franco), topógrafo (pai da dona Flora Franco Larini) e do Amaro Franco, pai do Paulinho e do Donizeti, da Padaria Praça dos Pães. Eu carregava água, piquetes para marcação da estrada, fazia de tudo. Depois eu enjoei do trabalho e fui ser mecânico com o Sr. Ângelo Franco, pai do engenheiro Tadeu. Logo voltei para o DNER e fui para o almoxarifado, para cuidar da distribuição de combustível. A diversão era ir de vez em quando até Santa Isabel com o João Godoy, o Milton Franco, o Gustavo, o Fausto Ferreira Franco. Nessa época nem luz elétrica tinha por aqui, o primeiro gerador foi do José de Paulo Simões que iluminava parte da Rua Major Benjamin Franco.
           
   Eu já tinha como hábito tirar fotografias e em 1960 os meus chefes descobriram esse meu talento e me convidaram para fotografar festas e obras do DNER. Logo passei a ser Relações Públicas, viajando todo o Estado fotografando inaugurações de obras e visitas de ministros. Mas nos finais de semana eu aproveitava para fotografar casamentos, aniversários, festas e batizados, e faturava. Consegui conciliar os dois serviços facilmente.
           
   Em 1966 me casei com Wanda Barbosa de Araújo, e fomos morar na Praça Benedito Ferreira Franco, 165. Faço fotos do povo arujaense desde 1957 e acredito que tenha em arquivo mais de 135.000 negativos. A posse do primeiro prefeito, Julio Barbosa de Souza, foi toda fotografada por mim. Depois era sempre convidado para fotografar eventos oficiais da Prefeitura, festas, bailes.
           
   Nunca gostei muito das câmaras digitais, sempre preferi as convencionais que uso até hoje.
           
   Em 1983 me aposentei do DNER e montei meu primeiro estúdio fotográfico, se é que se podia chamar assim, pois o que eu mais fazia era fotografias 3x4, na Praça Benedito Ferreira Franco, no número 175, onde iniciou o Era Despachante do Oswaldo Barbosa Coutinho.
           
   Gosto muito de filmes e me inspiro neles. Ao ver um filme sempre sonhava em ter o carro ou a casa igual ao ator e lutava para realizar esse sonho.
           
   Tenho três filhos: Ana Paula, Ana Lúcia e Rodrigo, que trabalha comigo. Mas por enquanto só tenho uma neta, a Tarsila.
           
   Hoje só tiro fotos por hobby quando viajo com a Wanda para Poços de Caldas ou Campos do Jordão, mas continuo trabalhando muito....e somando, o que a juventude de hoje não faz.
           
   Fotografei muitos eventos dos prefeitos e digo uma coisa: o prefeito com mais visão foi o François, basta ver a largura da Avenida João Manoel, projetada por ele, em relação à Antonio Afonso de Lima. Com relação ao atual prefeito Abel Larini, digo que é o maior administrador entre os prefeitos do Alto Tietê. Sai muito cedo de casa e quando chega no Governador diz: “Eu quero isso”, e é atendido. É bom construtor porque tem muito bom relacionamento com os políticos estaduais e federais. Adoro esta terra e espero preservá-la para as futuras gerações com responsabilidade.

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